Verdadeiramente

Não ter noção
É para mim vagamente,
Obviamente a única razão
Para realmente abdicar de qualquer razão
Toda certeza não passa de certa alucinação
Todo caminho é uma estrada
Para se perder no mesmo rumo sem direção
O caminho é um só, incerto e inseguro
Mas pode ser a única verdade
Tal ausência da mesma ilusão
Beleza na vida é o que adoça os olhos
E amargura a paixão
Pois toda rosa tem espinhos
E toda humanidade tem coração
É só algo para ver enfim e não sentir então
Sentimos algo que criamos talvez em vão

Seu nome amor que na verdade é compaixão

Muitos são tolos e só o conhecem
Em uma variação a única que pode lhes ferir
Aquela que abdica a silaba “com”
A eternidade é o ninho da efemeridade
De enfermos sedentos por vícios e vontades
Que renunciam a vida para se livrar da vaidade
Envenenando todas as mentiras reais
Por acharem que existe uma verdade
Além desta confusa e controversa realidade…

Canibalismo cabalístico

Pra que tudo isso?
Não há nada além de correr algum risco
De morrer por venenos verdadeiros
E não se sacrificar pelos antídotos
Tem por que sim não interpretar a real
Realidade figurada
Da maneira que vivemos da forma errada
É muita babaquice não sacar que a vida é uma piada
Pra que acreditar que tudo esta certo?
Quem sabe a verdade na verdade
Seja uma metáfora da verdade transfigurada
Foda é mesmo quando a piada perde a graça
Difícil de dizer quando se tem tantas palavras
Tantas dessas que já não dizem mais nada
Tantas frases e estrofes únicas e já usadas
Tantas formas de se dizer já injetadas
Tantos modelos modelando formas vagas
Tanta felicidade de tantas cores e várias marcas
Tanto conceito e tanta opinião pré-programada
Tanto estilo e tanta decisão mal tomada
Por que ter certeza que tudo deve ser como está?
Tanta merda em tanta beleza
O fedor já nem parece incomodar
Nem tudo é certo, certa é a certeza de se questionar
Pra que serve o silêncio quando se deveria gritar?
Por que falar tanto se você não tem nada a falar?
Eu ainda posso sentir um perfume
Em meio ao caos instaurado no ar
A esperança ferida que acaba mais uma vez de me resgatar
Os olhos de sangue inocente e estrelas sem luz ainda cadentes
Que me disse que as coisas sempre poderão mudar
Que nossa verdade está em muito mais do que acreditar
Talvez um dia deixemos de ser os inocentes homicidas sem par
Os voyeurs da morte, da fome, das flores e do mar
Talvez um dia a verdade possa realmente se criar
No mesmo dia que entendermos que o amor está além da nossa capacidade de amar…

Tudo o que não sei, quando não sei o que dizer

Ninguém nunca fez tudo
O que pensou em fazer
Ninguém nunca disse tudo
O que queria dizer
Por que ninguém nunca soube
O que iria acontecer
Por que nunca vemos
Como poderia ser
Se a gente mentisse menos
Muito menos
Mais ainda pra nós mesmos
Por nós mesmos, por não saber
Se as pessoas matassem menos
Por menos medo de morrer
Se as pessoas comprassem menos
Por menos medo de não se vender
Se as pessoas fossem realmente
Como deveriam ser
Vejam só o mundo
É assim que as coisas não iriam ser
Eu sinto medo, culpa, orgulho…
E outras coisas como estas
Que sei que também fazem parte de você
Quero dizer as coisas, como deveria dizer
Mas palavras não foram feitas
Para medir a verdade
Pelo menos não alguma que possa ser dita
Pelo menos não uma que eu saiba que exista
Amor é só um espelho translucido
O qual você implora para que reflita
Felicidade são apenas os detalhes
Mais bonitos de nossa vida
Então que verdade é essa que me parece esquisita
Que me parece faltar para ser vivida?
Difícil falar sobre algo que falta existir
Difícil se sentir assim, não sabendo o que sentir
Se julgássemos menos
Se fossemos mesmo
Donos do próprio nariz
Se eu fizesse algo que não fiz
Algo que talvez eu quis
Sem saber
Mas afinal quem sabe o que se pode
Ou até onde se pode querer?
Quem sabe o limite
De saber até que esquina da vida
Você será o que agora parece ser?
Mesmo que este já não pareça quem foi você
Parece que eu esqueci algo muito importante
Ou que há algo que eu deveria saber
Não tenho a menor ideia do que se trata
Mas sinto a necessidade de descrever
Faça do seu mundo o melhor que ele lhe parecer
Diga a palavra mais bela que lhe pareça certa de se dizer
Se encontrar alguma verdade  nunca deixe que ela te deixe
Por que a verdade é uma só, e toda verdade tem que estar dentro de você

Conversa épica com a droog Andy

                                   Dedicado a Andreia Gonçalves



Ainda há muitas pedras e muitas flores no caminho

 Mas cuidado
Pedras podem ser preciosas
E flores podem ter espinhos
Tanta gente em volta
Não é desculpa para não ser sozinho
Nem fingir ser solto
Enquanto se tranca em seu mundinho
Envolto pelas farpas e arames farpados do seu ninho
Subversivamente volúvel
Crente que duvidar do que é certo é um insulto
Fingindo não ver frio e não sentir escuro
Ainda há muitas pedras e muitas flores no caminho
 Mas cuidado
Pedras podem ser preciosas
E flores podem ter espinhos
Conversava com Andy minha “droog”
Sobre como ser você mesmo é diferente
Das pessoas que não sabem o que é “dobby”
Que ficar triste faz parte de tentar ser feliz
E tentar é por si só conseguir
Felicidade esta nos detalhes passageiros
Ligeiros a frente de nosso nariz
Somos o que somos e ser é assim
Conversamos sobre sermos tão “oddy-knockys”
Sobre como a verdade chora e esmola sem que a notem
Façam o que fariam, gostem do que gostem
Seja feliz mesmo que a tristeza lhe importe
Ainda há muitas pedras e muitas flores no caminho
 Mas cuidado
Pedras podem ser preciosas
E flores podem ter espinhos

O fantasma dos olhos cansados

É assim que o silêncio quando frio ecoa
Doa a quem doer, como quer que ele doa
Esse vazio que pesa nos olhos
Esse eco mudo é uma insônia
Tentar manter vivo o corpo
Enquanto o sono o faz de peso morto
Luz acesa olhos vertiginosos
Luz apagada olhos acessos como vagalumes vagarosos
Sob a luz do sol me sinto fadado
Até mesmo os mortos pareceriam mais vivificados
Mas de noite há um verdadeiro sol em minha mente
E me sinto tão acordado
Três horas de morte por dia
É o suficiente para ser mal humorado
É justo não se ter sonhado
A menos que se pense estar acordado
Enquanto alguém dorme de verdade
Todo esse tempo imaginário
Toda essa vida em que se é sonhado
Todo esse erro em que se vive ao contrario
Não quero remédio pra dormir
Nem mentiras para ser acordado
Não quero sair desses olhos
Nos quais nunca deveria ter entrado
Não quero deixar de ter motivo
Para ser pensado, para me manter acordado
Pra sonhar as coisas que darão errado
Enquanto meu sono não pode ser velado
Enquanto meu sonho não pode ser perpetuado…

Me diz

Se decidir parar para olhar a situação
E parar pra pensar é uma simples solução
Mas pensar agindo ecoa a voz e o grito rouco da razão
Então pra que penar e subestimar o poder da ação?
A vida é um grande momento
Enquanto você mede as horas do seu tempo
Tudo caminha ao seu redor
O universo tem pressa por ser lento e vagaroso
E você com seus planos e morrendo temeroso
Tem gente que nem viveu
Tem gente que nem esteve aqui
Tem muito sonhador
Desistindo de ser feliz
Então me diz
O que você sempre quis
Fazer se sua vida não te obrigasse a não viver?
Se sonhos impossíveis não te fizessem deixar de crer?
Se a verdade fosse menos meia boca e morta por inteiro?
Se olhassem nos seus olhos e não quisessem seu dinheiro?
Os assassinos verdadeiros também estão presos
Dentro de casas com grades nas janelas
Nós nos matamos primeiro
E tem sido a mesma chacina de janeiro a janeiro
Mas me diz
Quem você iria ser
Antes de encontrar uma desculpa esfarrapada
De que o sistema conseguiu te corromper?
Te deram espelhos falsos
Mas foi você quem quis ver
Ninguém iria te comprar assim tão fácil
Se você não estivesse disposto a se vender
Ninguém te deixaria morto assim à toa
Se não quisesse deixar de viver
Não iriam te reformular assim
Se você não quisesse ser
E então me diz
Por que mentir pra si
Sobre tentar ser feliz?

Tiro no escuro

Escolher é perder da mesma forma
Que escolha você tem?
Se os que escolhem para ti
Não dão escolha a ninguém
É só propaganda
São só bordões e camisas com estampa
Somente as mentiras que se contam as crianças
Discursos bonitos, ênfase em esperança
Se eles realmente se importassem
Gastariam ajudando
E não vendendo sua imagem
Escolher é perder da mesma forma
Tudo o que eles dizem parece ter sentido?
Quanto mais eles falam, mais doem os meus ouvidos
Vejam só quanto eles tem
E vejam se resolvem algo, nos seus incontáveis réquiens
Bruxos pomposos, Éforos corruptos, mentirosos
Escolher é perder da mesma forma
Mas parece que aqui ninguém se importa
De viver comendo nas mãos pegajosas
De viver chorando pelas sobras
Tentar mudar, muitos morreram tentando
O luto que lhes presto, é no dia da escolha
Optar pelo branco, não podemos nos manter mudos
Mas no dia de escolher eu me mantenho nulo
A menos que escolher não seja só mais um tiro no escuro.