Obrigado

Liberdade esta pela hora da morte o seu preço
Na verdade você é só mais uma palavra presa ao contexto
De um podre, velho e modorrento  enredo
Que encenamos por imaginação morta e falsos desejos
Dessa vida vazia e vegetal regada pelos cuidado desta  mídia vadia e animal
Desse meio devasso, vulgar e boçal devaneio de mimo patético capital
Acordo assustado com os olhos calados e monocromáticos como as mortes no jornal
O infinito no escuro sussurra e insinua o abstracionismo real como um réquiem ou ritual
Essas mentes retangulares cada vez mais finam
Esses nobres miseráveis cada vez mais penam
Esses pobres cadáveres que nascem em escalas e morrem em valas
Esses dias que se repetem cheios de nada
Do cotidiano podre de uma sociedade acomodada
E tudo o que os prédios santos edificam é uma humanidade grata
Obrigado pela artificialidade das soluções rápidas
Obrigado por alienar os verdadeiros senhores da fábrica
Obrigado pelo passado de sangue e segregação de raças
Obrigado pelo mac donalds alimentar crianças obesas e a fome na África
Obrigado também pela injustiça a margem de nossas casas
A merda que do topo da pirâmide é cagada, sim obrigado caixa que fala
Por permitir que nossas mentes sejam o destino de vossa descarga
Obrigado pelo mau cheiro e pelo mau gosto, obrigado
Por nos mostrar como é a vida, mas só podemos existir
Obrigado por conceituar felicidade mas só há doses de ser feliz…

A piada

Eu li em algum lugar que a vida é uma piada
Procurei tentar entender, e saquei que deve ser uma destas mal contadas
Por que depois de tanto tempo ainda não posso achar graça
Sem essas babaquices de seu dia para ter seu fim
Posso estar à toa agora, mas eu sei a que vim
Não foi o destino quem cavou aquelas valas
Ninguém profetizou epitáfios a sangue
Das lapides encravadas pelas estradas
Pela penumbra de germânicos halls de entrada
Há flores e ciprestes em todo coração
Talvez lidar com o amor e aprender a amar da vida sejam o propósito
Mas quando um homem entende o amor ele deve estar pronto para entender o ódio
Talvez tudo o que tomamos como o óbvio seja a distração
Existe algo além de sangue e ideais que nos torna irmãos
Existe algo na sabedoria dos loucos que seja a lucidez da razão
O que nos distingue das flores  é a arrogante suposta beleza sem emoção
É a destreza em que tornamos frios nossos corações
É a maneira como atacamos os espinhos e mesmo assim nos defendemos em vão
O homem aprendeu a voar tão alto quanto o condor
Mas ainda não aprendeu a lidar com o próprio rancor
O homem inventa maquinas e manipula a eletricidade
Mas ainda procura e não inventa a própria felicidade…