Horizontes

O meu horizonte se divide em paralelas

E se transmuta e se transversa
Os meus sonhos me aquecem e se revestem
E se revezam, mas não se esquecem
Quero tudo pelo que meu coração padece
Enquanto minha mente em inúmeras metamorfoses descreve
Mas tudo não cabe bem em minha prece
A minha peleja é a vigília do próprio eu
Não me abstenho do medo de navegar até lá
Pois sei que somente em um lugar posso estar
Pois sei que a teia dos sonhos ira se afundar
Hidrófobos não se sentem bem sobre o mar

Poema sujo

Enquanto os santos

Tentam regenerar sua verdade simétrica
Os loucos e insolentes poetas
Sentem-se sujos pelo sangue da silenciosa  guerra
Sorriem os anjos assexuados
Paz, do bem nunca foi a libido
Não do pecado original, mas também do visceral
Quero eu ser concebido
O sagrado nunca permitiu
A sutil beleza do infinito
Nada nos convém, mesmo que seja lícito
Um soneto diz
Mais sobre o espirito
Que a biografia de um sentado mentindo

Amargo e doce

Agridoce pelo o resgate de minha esperança
Não basta como semente Plantar o amor em meu peito
Ou deixar deter o calor de seus olhos de qualquer cor a qualquer momento
Não me fazer acreditar que só há o fim
Por essa fé e razão que não cultivo mais jardins e mim

Não choro

Agora o que faço
De meu mundo mudo o compasso
Ou lhes curo a enfermidade do destino
Com obras do acaso?
Minha culpa é sentir pena
Odiaria mais o castigo do remorso
Toda ilusão da felicidade
Não vale os sorrisos doídos da glória
Se eu ouvisse mais passos
Estaria mais forte e mais longe
Eu acho que se nosso amor é grande
Ele está distante
Que a minha loucura não tida por vaidade
E o poder da minha mente
Sejam o sacrilégio da sua  verdade
A eternidade do fruto é a semente
Nem a beleza que não nos cabe é eterna
Por que toda flor dói e morre
O jardim não chora
Então eu não choro

Real abstrato de um sonho desconfigurado

Fiz então do ar frio
Em minha cabeça
Um sábio
Com minha deixa retornei
Aos cacos de vidro
Como os passos
Que ouvi em minha garganta
Talvez no sábado
Eu decidi esperar
E talvez algo em mim
Não quisesse mesmo ter acordado
Eu experimentei da calma
E no momento mais calmo
Fiquei desesperado
Era como se eu me desligasse
Entre o ar e o abstrato
E eu sempre fui ver o que era
Mesmo que estivesse assustado
Eu estava sozinho lá fora
Em meu próprio quarto abandonado
Não sei se minha mente levitava
Ou era eu levitado
Só sei que eu ouvi seus passos
Só sei que antes de desaparecer
O ar estava pesado
Não me importo em morrer
Mas só com a certeza de estar acordado