Não perca seu tempo comigo!

 

Sobre os sonhos que crio e não realizo

Amores que invento e não vivo

Não perca seu tempo comigo

Sou o poeta do desperdício

Não terá mais de mim que poemas baldios

E greves

Degredos

Não perca seu tempo comigo

Não sou a pessoa certa

Reino sobre o silêncio

E termino em reticências desertas

Aparências

 

Crises

Deus me livre

Ser um desses homens felizes

Dando as correntes

Nomes de raízes

 

Quero é distancia

Desta arrogância

Dessa insegurança e medo

Em me fazer gigante

De um amor pequeno

 

Quero ser alheio

A toda covardia

E este viver em segredos

Maquiar a vida

E o batom ser mais importante

Que o beijo

Poema do “desilêncio”

 

 

Tenho escrito pouco

Como se meu grito tivesse sumido

Como se além de órgãos

O corpo não fosse oco

Houvesse um espírito

E este estivesse ferido

Mas tenho de escrever

Para não ficar ou não deixar de ser

Completamente louco

Nada importa tanto

As palavras são a minha droga

A poesia, meu eterno monte de carniça

Eu sou o efêmero corvo

E como em todo vício soo ridículo

Onde fugir da realidade

É buscar dar-lhe sentido